A literatura me fascina! E o meu encantamento é maior quando encontro referências significativas à questão ambiental nos livros que despretenciosamente leio. Atente para o alerta que nos faz o Gabriel García Márquez em O amor nos tempos do cólera (p.408-409):
[...] Navegavam muito devegar por um rio sem margens que se dispersava entre praias áridas até o horizonte. Mas ao contrário das águas turvas da desembocadura, aquelas eram lentas e diáfanas, e tinham um resplendor de metal debaixo do sol impiedoso. Fermina Daza teve a impressão de um delta povoado de ilhas de areia.
- É o pouco que nos vai restando do rio - disse o comandante.
Florentino Ariza, com efeito, estava surpreendido com o que havia mudado, e mais ainda estaria no dia seguinte, quando a navegação ficou mais difícil, e percebeu que o rio pai, o Madalena, um dos maiores do mundo, não passava de uma ilusão da memória. O capitão Samaritano explicou como o desmatamento irracional tinha acabado com o rio em cinquenta anos: as caldeiras dos navios tinham devorado a selva emaranhada de árvores colossais que Florentino Ariza sentia como uma opressão na primeira viagem. Fermina Daza não veria os bichos de seus sonhos: os caçadores de peles dos curtumes de Nova Orleans haviam exterminado os jacarés que fingiam de mortos com as fauces abertas durante horas e horas nos barrancos da margem para surpreender as borboletas, os louros com suas algaravias e os micos com seus gritos de doidos tinham ido morrendo à medida que acabavam as frondes, os peixes-boi de grandes tetas de mãe que amamentavam as crias e choravam com vozes de mulher desolada nas pontas de areia eram uma espécie extinta pelas balas blindadas dos caçadores de prazer.
Infelizmente essa descrição cabe para muitos cenários do mundo.
Pois é, Job. ainda bem que existem essas pessoas que se importam com a natureza de verdade, não só por moda ou pelo boom do momento, mas pq realmente se importam.
ResponderExcluirMe alegro pelo fato de gostares de um livro tão bom, pena que nossa humanidade cada vez mais desumana nao goste desse tipo de livro, alias, nossa sociedade não gosta de livros.
ResponderExcluirRebeca,
ResponderExcluirCerta vez escutei que não existe quem não goste de ler, existe quem não lê. É impossível não se encantar com a leitura, basta experimentar. Pois, como já dizia o filósofo: quem não arrisca, não petisca. Viva a literatura!
Estou lendo esse livro e gostei muito do fato de Gabriel García Marquez, autor que eu admiro muito, se preocupar com a preservação da natureza, acho que mais pessoas deveriam apreciar esse tipo de literatura e tentar ao máximo fazer sua parte em relação ao meio ambiente!
ResponderExcluir