sábado, 16 de fevereiro de 2013

O mundo do RNA



O DNA é a molécula que guarda a informação da vida conhecida. Mas será que sempre foi assim?

É muito improvável que a primeira molécula replicadora tenha sido a nossa biomolécula guardiã de informação. James Watson, em DNA - O segredo da vida, fala do problema ovo-ou-galinha da origem da vida em relação ao DNA como primeiro replicador da informação hereditária. Como assim?

"O DNA não é capaz de formar a si próprio; proteínas são necessárias para tal. Mas então, o que veio antes? As proteínas, que não possuem nenhum meio conhecido de duplicar informações, ou o DNA, que pode duplicar informações, mas apenas na presença de proteínas? O problema era insolúvel: não pode haver DNA sem sem proteínas nem proteínas sem DNA".

Foi, então, a partir do momento que conhecemos as diferentes facetas do RNA, que se presentou uma provável solução. Sabemos que o RNA é capaz de guardar informação (alguns vírus tem essa molécula como genoma), pode originar DNA (veja o caso dos retrovírus, como o HIV), pode apresentar atividade catalítica (confira as ribozimas e o splicing pós-transcricional, por exemplo) e é a fonte de informação ativa na construção da proteína (a tradução é feita pela cooperação de RNAs transportadores, ribossômicos e mensageiros). Ou seja, o RNA pode ter sido o ovo e a galinha ao mesmo tempo na sopa primordial do início do Pré-Cambriano, em um Mundo de RNA.

Mas, daí a uma outra questão: se o RNA é essa coisa toda, por que não o temos como molécula mantenedora da informação genética passiva?

Acontece que a natureza favoreceu uma molécula mais estável com a função de guardiã da informação genética (nada mais justo na garantia de perpetuação de uma mensagem preciosa), portanto, na luta pela existência, acabou se mantendo o DNA como fonte passiva e replicadora da informação na matéria viva, Já que o DNA é mais estável que o RNA.

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